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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres - Crítica


Uma das melhores adaptações literárias para o cinema.

Sinceramente é difícil analisar um filme sem que seja feita uma comparação com sua obra original, ainda mais uma pela qual sou tão apaixonado.


As pessoas que já leram os livros e conhecem o desfecho podem até achar alguns momentos entediantes, mas mesmo que eu tenha lido e saiba de cada detalhe da história e dos personagens, fiquei completamente preso ao filme e por muitos momentos percebi que estava tenso e quase sem fôlego como há muito tempo não ficava em um longa de suspense.


Se ele agrada até quem já sabe cada acontecimento, até mesmo o final, os apreciadores de filmes “bons” e o público que não teve contato com a obra literária ou com o filme sueco, vão amar, pois é um daqueles filmes que mesmo após sair do cinema, sua mente ainda estará vagando naquele universo morbidamente repleto de personagens marcantes. O publico mais casual pode não gostar, devido à complexidade da narrativa e a enxurrada de detalhes da trama. Aqui a coisa ficou séria, o filme vai deixá-lo vidrado e fazê-lo pensar um pouco.


O choque visual surrealista da abertura embalado pelo remix de Trent Raznor na voz de Karen O é um soco na mente do espectador. Se você achou o clipe da música tema estranhamente bizarro, o longa começa com uma sequencia de imagens ainda mais sombrias e incrivelmente artísticas. De cair o queixo! Só a abertura já vale o ingresso.


Contrário do filme Sueco, o remake de Fincher tenta ser o mais fiel possível. O mais interessante é que ele procura ocultar algumas coisas desnecessárias ao invés de fazer alterações que acabam incomodando os fãs. - Ah, mas tem coisas diferentes. Sim, tem coisas que foram alteradas, mas foram alterações coesas, que fazem sentido com a obra original e, claro, completamente aceitáveis. Ao eliminar certos acontecimentos ele coloca em foco pontos importantíssimos que foram ignorados na primeira adaptação como, a descoberta da relação entre os números do diário com os assassinatos e uma participação mais carismática de Teleborian, o tutor de lisbeth, entre outras coisas.


O visual do filme é de espantar, pois é exatamente como imaginamos durante a leitura, até mesmo os pequenos detalhes. A cena em que Mikael tenta encontrar uma conexão telefônica em uma casa mais antiga que minha avó é um exemplo disso. O gatinho também tem uma participação maior na trama.


O que deixa o filme ainda mais imersivo são as cenas em que a história desenrola visualmente, apenas com fotos e pequenas cenas, em alguns momentos acompanhados pela narrativa ou conversas dos personagens. Particularmente eu achei perfeita a maneira escolhida para a narrativa do filme no geral e foi a melhor maneira de se aproximar do livro. A dinâmica do roteiro é tão intensa que os 158 minutos de filme passa num piscar de olhos.


Como havia mencionado em outro post, a Lisbet Salander de Rooney Mara, visualmente, em minha opinião, ficou idêntica. Após ver sua atuação, posso dizer que a personagem atingiu a perfeição. Suas atitudes, morbidez e descaso com as pessoas ao seu redor e a tudo que não é digital e tecnológico, transbordam na atuação de Rooney, mostrando o motivo de Salander, apesar de carrancuda e emburrada, ser tão carismática e amada pelos fãs. Rooney conseguiu aspirar toda a proposta dos livros e dar vida a personagem de Largsson.


Daniel Craig também capricha e Mikael transmite o mesmo sentimento que vivemos durante a leitura a respeito do personagem, a sua doentia obsessão pelo trabalho está presente, mas não é tão explorada devido ao pouco tempo para tratar de tantos detalhes, mas o personagem na ótica de Fincher mostra seu desdém e desapego com tudo que não está envolvido com seu trabalho ou algo de seu interesse.

O clímax vai roubar o ar de seus pulmões por alguns minutos. O dialogo entre o predador sádico e presa é horripilante. O algoz implacável despeja a certeza da morte sobre nossa consciência de uma maneira que nos contorcemos na poltrona tentando afastar o pensamento de vivenciar uma situação daquelas. O foco e a exaltação da dor é algo digno de nota. A frieza e naturalidade do monstro-homem que se gaba de suas atrocidades de forma apoteótica são assustadoras.


Millennium, "no mínimo" deveria estar entre os indicados ao Oscar de melhor filme.

Se as sequencias forem tão fiéis quanto essa adaptação, podemos esperar mais dois filmes destruidoramente Fodásticos!

Trailer:


Abertura do Filme:


Um ótimo filme a todos!

Confira o especial da Trilogia Millennium aqui no Robô:

Trilogia Millennium: Os livros - Crítica

Millennium: Stieg Larsson - O autor e o Quarto Livro

Trilogia Millennium: Os filmes Suecos - Crítica

Millennium – Trilha Sonora

Os Homens que não Amavam as Mulheres - por David Fincher

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