Não é um filme de guerra com cavalo. É um filme de cavalo com guerra.
Cavalo de guerra é baseado na obra de "" que estava lá quieta em seu lugar, até que Spielberg veio lhe incomodar.
O diretor velho de guerra se apaixonou pelo livro do rapaz e sem perder tempo adquiriu os direitos da obra que conta a história de amizade entre um menino e seu cavalo que devido a algumas consequências são separados pelo destino.
Amante de filmes de época, Spielberg tenta abarrotar o filme de referencias tanto no estilo de filmagem quanto nos personagens. Quem se lembra de filmes como: e o vento levou; o morro dos ventos uivantes e até mesmo os clássicos desenhos da Disney, vai sentir certa nostalgia durante o longa. Senti isso principalmente na cena onde o sol se põe lançando pinceladas de laranja em todo o céu, formando apenas a silhuetas dos personagens interagindo.
Infelizmente o foco que deveria ser somente do equino, acaba se misturando com os conflitos humanos causando certo distanciamento da proposta inicial do filme, o drama aplicado nas situações funciona, mas no momento em que vai te deixar com lágrimas nos olhos ele se torna tão exagerado que você até fala: - Ah, não é pra tanto, vai! E a cena acaba perdendo o sentimento ao ultrapassar a medida correta de dramaticidade melosa. O desenrolar extremamente didático do roteiro acaba insultando o intelecto do espectador.
Os momentos cômicos são ótimos, porem não é o bastante para equilibrar o constante sentimento nostálgico do filme. A saga de Joey tenta engrenar no triste momento de despedida do menino e seu cavalo. As novas situações no caminho do galopante herói não são tão impressionantes quando deveriam e os diversos personagens que cruzam o caminho de Joey acabam sendo descartados e pouco aproveitados antes mesmo de conseguir cativar o público. O verdadeiro dono do cavalo ao decorrer do filme vai deixando a desejar em sua atuação e mesmo durante quase três horas de filme não consegue ser suficientemente carismático e acaba tornado o que deveria ser o momento mais emocionante do filme em algo decepcionante de sessão da tarde. A trilha também não ajuda e joga mais terra na dramaticidade exagerada, fazendo você encolher os ombros, serrar os olhos e tentar proteger os ouvidos em certos momentos.
As batalhas que seriam um ponto alto no filme, deixam a desejar, os efeitos de O resgate do soldado Ryan estão lá, mas os pedaços e a violência fazem muita falta. Beleza, o filme é para família, mas então prá que fazer um filme de guerra? Se tem guerra, automaticamente vai haver mortes, vai ter sangue e vai ser cruelmente terrível! Ao invés de fazer um filme de guerra com cavalos, Spielberg deveria ter feito uma adaptação de “My Little Poney”. Após a conclusão das batalhas desconexas, alguns personagens ficam a esmo, abandonados e sem um final descente. O desfecho do longa causa um vazio tão grande que mesmo um final feliz não cura a nostalgia.
De fato, o filme tinha tudo para ser incrível. O foco poderia ser totalmente em Joey, ignorando completamente os diálogos humanos, tornado o filme muito mais artístico e interpretativo, isso nos aproximaria melhor do sentimento do belo cavalo, mostrando a relação dos personagens humanos através da ótica do animal.
Se você esperava um ótimo filme de guerra, pode tirar seu cavalinho da chuva, pois Cavalo de Guerra está mais para "Joey e Eu".
Trailer:
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